sábado, 11 de julho de 2015

Imune

Ela sentava-se em meio às cobras,
Mas elas não a picavam,
E todos, admirados, perguntavam:

"Como pode?
Tão frágil, tão pequena...
O que faz para não ser vítima
Do que já matou a tantos outros?"

Mas eles é que não sabiam
Que não havia força alguma,
Tampouco, imunidade.

O veneno existia
E corria em seu sangue.

Há tempos havia sido picada,
Por isso deixou de sentir
O mal que todos viam
E sabiam existir,
Ainda que não entendessem
Como ela não o sentia.

Ela sentava-se em meio às cobras,
Mas elas não a picavam,
Pois sem que ela percebesse,
Há muito já estava envenenada.