De seu corpo imperfeito,
Fiz o mais perfeito dos abrigos.
Espaço exato para guardar a mim
E grande o bastante, ao mesmo tempo,
Para conter todos os meus medos.
Beijei suas marcas,
Histórias e cicatrizes.
Matei saudades
Do que ainda não conhecia.
E sob a luz de uma única vela,
Vi uma madrugada inteira
Caber em um único abraço.
Corpo estranho...
Aceito sem estranheza
Pelas velhas e viciadas defesas
De um novo organismo.
Um beijo de lábios cerrados.
Confidências nas cores dos olhos.
A distância que guardou anseios,
Hoje guarda a saudade
E a vontade do reencontro.
Criamos tanto
Em tão pouco tempo,
Que nada do que temos
Cabe mais no esquecimento.
Pouco importam os lugares...
Se corpos são templos,
Como diz o velho ditado,
Nós rezamos ao relento.