Ela sentava-se em meio às cobras,
Mas elas não a picavam,
E todos, admirados, perguntavam:
"Como pode?
Tão frágil, tão pequena...
O que faz para não ser vítima
Do que já matou a tantos outros?"
Mas eles é que não sabiam
Que não havia força alguma,
Tampouco, imunidade.
O veneno existia
E corria em seu sangue.
Há tempos havia sido picada,
Por isso deixou de sentir
O mal que todos viam
E sabiam existir,
Ainda que não entendessem
Como ela não o sentia.
Ela sentava-se em meio às cobras,
Mas elas não a picavam,
Pois sem que ela percebesse,
Há muito já estava envenenada.