Com você,
Gosto da tormenta
E da calmaria.
Da chuva de palavras,
Da qual não busco abrigo.
Gosto do riso, do sussurro,
Do seu sorriso no escuro,
Que mesmo não vendo, sinto.
Gosto do olhar silencioso,
Assim como do silêncio
Quase estrondoso
Do seu rosto sereno, tranquilo,
Dormindo em minhas mãos
Enquanto você dorme.
Gosto do seu cheiro
Mas amo seu vocabulário,
Tanto quanto as brincadeiras,
Que mesmo quando sobram,
Sempre encontram seu espaço.
***
Com você, sei do que gosto...
Gosto dos erros que viram acertos,
Os quais, de fato, sempre soubemos
Que nunca estiveram errados.
***
Com você, gosto de unir forças
Para quebrar os ponteiros
E tentar segurar o tempo
Em todos os relógios.
Gosto dos seus medos,
Pois têm a mesma cor dos meus,
E gosto, também, daquela simplicidade,
Que tanto já nos machucou
Quando esteve nas mãos erradas.
Com você, gosto de mim
E de tudo o que seremos
Se você ainda puder gostar
Daquilo tudo que, um dia,
Fizeram parecer
E te disseram ser errado.
A penumbra é o caminho por onde anda o furtivo, e os pensamentos, tal como as pessoas, tambêm possuem sombra.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Trêmula
Deixou que o vento soprasse
E tremulasse a chama da vela.
E tremulasse a chama da vela.
Deixou, propositalmente,
Aquela janela aberta.
Aquela janela aberta.
Da cera, correram os pingos,
Manchando a mesa intocada,
E o pavio, cada vez mais curto,
Fez dançar em linha a fumaça.
Manchando a mesa intocada,
E o pavio, cada vez mais curto,
Fez dançar em linha a fumaça.
A sala, cheirando à penumbra,
Abrigou os dois solitários.
Abrigou os dois solitários.
E o silêncio, dobrando-se em si,
Abraçou as palavras perdidas,
As quais, já há algum tempo,
Não soavam mais tão belas.
Abraçou as palavras perdidas,
As quais, já há algum tempo,
Não soavam mais tão belas.
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