terça-feira, 28 de maio de 2013

Natimortos

Eu vejo crianças
Presas e perdidas
Em sua própria liberdade.

São vítimas de seu próprio preconceito
E dos problemas que criaram
Enquanto procuravam por respostas.



Eu vejo um mundo árido,
Ácido, tóxico,
Quase morto.

Um mundo onde caminhos e referências
Acabaram se perdendo
Em meio a tantos descaminhos.

Onde virtudes,
Por vezes, inocentes,
São descartadas e carimbadas
Com a tinta negra do ridículo
Por não se encaixarem nas exigências da vida
E em seus conceitos invertidos.



Eu vejo bonecas de carne
E meninas de pano.



As ruas estão desertas de brincadeiras,
E estas, por sua vez, vazias de crianças.

Os adultos, encantados com seus brinquedos,
Não percebem que, a passos largos,
Seus pequenos bebem da violência e do descaso,
Enquanto o mundo, aos poucos, deixa-se morrer,
Preparando-se para receber aqueles que,
Natural e inevitavelmente,
Nascerão mortos.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

terça-feira, 7 de maio de 2013

...

Ela era linda.

Ainda que de maneira educada, e até gentil, ela riu do nome do livro que estava lendo. Ele, por sua vez, riu da ignorância dela.

Ela era linda, educada, gentil e ignorante, assim como quase todos os outros.

Ele jurou a si mesmo que jamais desceria ao nível de outra pessoa novamente, pelo motivo que fosse. Percebeu que não precisava rir dos próprios defeitos para ter o direito de estar com alguém.

Na verdade, nem sequer eram defeitos.