terça-feira, 14 de outubro de 2014

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     Ao ver a admiração crescendo em seu rosto, ele tratou logo de acalmar os ânimos e cortar qualquer expectativa tola que pudesse nascer dentro dela.

      - Ei, não se engane... - Disse ele, reprimindo-a com seu tom inflexível e indiferente de sempre. - Apenas porque escrevo sobre sentimentos não significa que eu os tenha ou os sinta.

     Apesar de frias, as palavras não eram rudes; apenas duras e sinceras.

     A ela, restou esboçar um sorriso amarelo e amargar aquele gosto estranho que sempre surge após uma verdade inconveniente ser dita ou uma intenção oculta ser descoberta.

     Poetas, como ela viria a descobrir, não eram mágicos, anjos ou seres iluminados. Poetas eram meros poliglotas egoístas de sua própria língua.

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