Eu vejo crianças
Presas e perdidas
Em sua própria liberdade.
São vítimas de seu próprio preconceito
E dos problemas que criaram
Enquanto procuravam por respostas.
Eu vejo um mundo árido,
Ácido, tóxico,
Quase morto.
Um mundo onde caminhos e referências
Acabaram se perdendo
Em meio a tantos descaminhos.
Onde virtudes,
Por vezes, inocentes,
São descartadas e carimbadas
Com a tinta negra do ridículo
Por não se encaixarem nas exigências da vida
E em seus conceitos invertidos.
Eu vejo bonecas de carne
E meninas de pano.
As ruas estão desertas de brincadeiras,
E estas, por sua vez, vazias de crianças.
Os adultos, encantados com seus brinquedos,
Não percebem que, a passos largos,
Seus pequenos bebem da violência e do descaso,
Enquanto o mundo, aos poucos, deixa-se morrer,
Preparando-se para receber aqueles que,
Natural e inevitavelmente,
Nascerão mortos.
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