quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sempre

Quando morrer,
Tenho para mim que andarei por aqui,
Por estas ruas,
Por onde tanto andei quando ainda vivo.

O ranger de placas e portões entreabertos.
O uivo do vento em alguma esquina vazia.
As horas quietas.
A noite fria.
Dessas coisas estranhas, quase tétricas,
Tão comuns aos fantasmas e suas tristezas,
Em muitas delas, ainda vivo, me vejo pleno,
Abraçado por uma naturalidade assustadora.

Se não fosse pela dor, aliás, poderia até me pôr em dúvida
Se, por acaso, já não estou morto...



Quando morrer,
Tenho para mim que andarei por aqui,
Atravessando paredes, espiando o sono alheio.
Zelando por quem chorou e assombrando quem sorriu.

E ainda que fantasmas não façam barulho, andarei pé por pé.
Mania dos vivos, na verdade,
Assim como abraços e beijos de despedida.



Quando morrer,
Tenho para mim que andarei por aqui,
Para sempre,
Procurando o que perdi
E o que nunca encontrei.

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