quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Brisa

O horizonte escuro denuncia
Que alguma coisa, em algum lugar,
Desrespeitou o combinado.

Nem sempre os ventos cantam.
Nem sempre os ventos contam.
Tormentas distantes costumam ser silenciosas.

Mas as verdades,
Pedidos de ajuda acanhados,
Cedo ou tarde acabam chegando
A quem se dispõe a ouvi-las.

As nuvens, em sua quietude austera, sabem
Que as chuvas que não caem
Também sopram brisas.



Em uma janela qualquer,
Uma menina chora.

Enquanto observa a chuva,
Relembra vontades e promessas,
Esquecendo de si mesma
E de quantas vezes renovou suas juras.

Cada pingo que corre - e morre - no vidro,
Carrega consigo uma lágrima
Carregada de saudade e cansaço.

O ontem, agora, já é tempo distante.
As pessoas não estão mais em seus lugares.
A eternidade morre a cada semana que finda,
E não há força para recomeços.

A terra, molhada e maleável,
Torna-se própria para novos caminhos,
E pela trilha que o tempo apagou,
Perdem-se os viajantes.



De uma janela qualquer,
Um menino observa.

Seu temporal, há tempos, cessou,
E a distância, ele apenas observa.

Ele sabe que céus claros também se fecham,
E que há tempestades que, de tão fortes,
E mesmo desabando ao Longe,
Parecem atingir de propósito
Quem pensa estar abrigado.

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