quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Púrpura



Eu, tão madrugada,
Emprestei meu azul escuro
Ao vermelho da sua alvorada.

Ao verem o púrpura,
Matiz pura de nossa mistura,
Nós os ouvimos sussurrarem:

"Ora...
Mas das cores que tingem os sentimentos,
Esta não pinta o amor, 
Apenas a dor e o sofrimento..."

E nós apenas silenciamos e rimos,
Pois eles não sabem do que somos feitos.

***

Eu, rio de água fria, hoje recebo você,
A mesma lava escaldante que fui um dia,
Formando, em meio à fumaça,
Novas rochas, pontes e ilhas.

No terreno recém-nascido,
Vigora uma árvore, ainda vazia,
Que não tardará a ser preenchida
Pelas flores e frutos de nosso encontro.

E que com as raízes fincadas na pedra,
Só poderá deixar de existir
Quando a terra na qual se firma
Também perder sua existência.

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