Para prolongarmos a vida
Daquilo que, há tempos,
Sabemos que já não vive.
Não há desonra na morte,
E por mais doloroso que nos pareça,
Sabemos o que nossos corpos desejam
E do que nossas almas precisam.
Vamos desligar os aparelhos,
Tirar os tubos frios e ásperos
Que nos insuflam e alimentam
E dar uma chance ao conforto eterno
Que abraça os que chegam ao fim.
É bem verdade
Que nossas memórias e sentimentos
Irão se perder pelo tempo
E cairão no esquecimento
Com nossas novas histórias,
Mas de tudo o que dissemos
E deixamos por escrito,
Restará o que, em nós,
Não se apagará quando partirmos.
Nossas cartas e versos
São nosso melhor testamento,
Pois mesmo que não haja nada
Para depois do que há agora,
Sabemos que certas coisas
Continuarão a existir.
Inspiramos jovens amantes
A serem o que fomos
E não fazerem o que fizemos.
Nas esquinas onde estivemos,
Deixamos a essência
De um começo perfeito.
E com a última das horas,
Aprendemos a deixar
O que não pode mais ser nosso.
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