domingo, 28 de outubro de 2012

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   Deve ser por isso que, na guerra, há os que morrem e os que choram, pois assim é mais fácil... Ironicamente, é mais fácil.

   É mais fácil quando se tem um corpo para velar, um caixão para enterrar, um túmulo sobre o qual você possa se ajoelhar e chorar... É sempre mais fácil quando se pode tocar em algo, sentir algo. Pode ser, até mesmo, a dor, desde que seja uma dor resolvida, definida. Uma dor compreendida.

   Essas guerras que terminam assim, sem contagem de mortos e feridos, sem prédios destruídos, vidraças estouradas, de quase nada servem. Guerra que é guerra, não termina com tratado de paz. Guerra de verdade termina com um dos lados chacotado, avassalado, reduzido à escombros e espírito de recomeço. Guerra de verdade termina com o lado vencedor recolhendo espólios, fazendo tremular sua bandeira, enquanto o povo canta e dança pelas ruas, saboreando a liberdade conquistada.

   Guerra que é guerra não termina assim, sem vencedores declarados, com essa sensação de impotência em ambos os lados. Ninguém tem o direito de acabar com uma guerra enquanto o impasse for o único desfecho possível.

   Guerra de verdade não termina com amizade entre inimigos.

   E é desse tipo de guerra que eu tenho medo.

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