quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Riso

Seremos velhos.

Vamos olhar para trás e rir do que fizemos.

Vamos rir do que não fizemos.

Não será um riso de alegria, nem de tristeza.
Não será nada, assim, tão extremado.

Será um riso confuso.
Quase inexplicável.
Daqueles em que se balança a cabeça de um lado para o outro e, mentalmente, se diz: "Eu sabia..."

Será como aquele mesmo riso que demos aos trinta, quando olhamos para trás e lembramos de nossos quinze ou dezesseis, com todos os dramas e medos intermináveis que, veja só, terminaram.



Seremos velhos.
E vamos olhar para trás.

Nossos pais estarão mortos.

Nossos amores eternos, terminados.

Perceberemos que tudo não passou de uma grande brincadeira.

Perceberemos que a vida, levada à sério ou não, mostrará a mesma face a todos na véspera de seu fim.



Seremos velhos.

E só poderemos rir.

Só nos restará aceitar que sempre soubemos como tudo terminaria, mas, ainda assim, optamos por sofrer com nossos problemas insolucionáveis, que, por fim, sempre acabamos resolvendo.



Seremos velhos.

Seremos, enfim, depois de tantos anos sob álcool e tinta, apenas aquilo que podemos ser.

Será apenas o riso.

Aquele riso.

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