domingo, 18 de agosto de 2013

Acalanto

Olha só, meu amor.
Envelhecemos.

Ainda moramos na mesma cidade,
Mas os lugares, veja você,
São tão diferentes.

Há resquícios do passado
Espalhados pelas avenidas,
Esquinas e ruas
Que mudaram de nome.

Há bancos de praça,
Postes antigos
E árvores centenárias.

Há pedaços do que fomos
E do que deixamos de ser,
Mas fora isso, tudo parece ter mudado.

Talvez tenha sido, senão,
Apenas o tempo que passou.

Mas nós, com nossa mania teimosa
De pensar que tudo será para sempre,
Do jeito que sempre foi,
Não percebemos que deixamos
E nem o que deixamos passar.



Por vezes eu me pergunto
Se o vento que sopra hoje
Ainda carrega as palavras,
Sonhos e promessas
Ditas naquele tempo distante,
Que nos fez dizer e acreditar
Na eternidade que quisemos
E tentamos tornar real.



Chega a ser irônico,
Pois de todas as coisas que quis,
Hoje eu só queria você aqui
Para envelhecer comigo
E escutar os meus lamentos.

Chega a ser irônico,
Pois ao contrário do que pensávamos,
O tempo nos permitiu envelhecer
Distantes um do outro.



E nós envelhecemos.

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