terça-feira, 23 de abril de 2013

Lugares

Posso sentar naquele banco
E esperar, novamente, na velha esquina
Sem medo de que você apareça.

Mesmo de olhos fechados,
Atravesso a rua de antes,
Sem esbarrar nas lembranças.



De vez em quando,
Quase brincando,
O vento insiste em fazer redemoinhos,
Marejando os olhos com poeira
E um resto de saudade.

Mas logo tudo se acalma.

Os papéis, que ainda há pouco voavam,
Repousam serenamente nas calçadas.

Os becos, com suas sombras e seus silêncios,
Acolhem as últimas voltas daquilo que foi soprado.

E o passado,
Apertado entre as três paredes,
Acaba por diluir-se entre caixas de papelão
E cartazes desbotados.



Sob a luz de bronze de um poste antigo,
Duas figuras, que de tão juntas, parecem uma só,
Protegem-se do resto do mundo.

Em cenários tão familiares,
Novos capítulos de uma velha história.

No fim, são apenas personagens.



Nossos lugares, espalhados por aí,
Já não existem mais.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Olá. Sou eu, mesmo. Todos os textos que posto aqui são autorais.

      Quando posto algo que não é de minha autoria, sempre cito a fonte e/ou dono.

      A propósito, obrigado pela visita e me desculpe pela demora para responder.

      :)

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