domingo, 25 de novembro de 2012

Ainda

O tempo cura.

O tempo apaga.

O tempo cria.

O tempo mata.



O tempo nos dá a oportunidade perfeita para sermos covardes.

Por trás da falsa certeza, dissimulamos.

Pedimos para pensar, mas queremos apenas uma vantagem para correr.

Correr sem sermos perseguidos.

Correr sem sermos tocados.

Libertos do passado.

Longe daqueles que deixamos do outro lado.

Livres de nós mesmos.



O tempo constrói muros intransponíveis.

Tijolos brutos, expostos, pintados de esperança.

Propaganda enganosa, iludindo quem ainda espera.

Fora das paredes, o tempo não passa.

Enquanto o medo, em forma de egoísmo, ocupa cada canto dentro desse abrigo.



O tempo proporciona distâncias.

Viagens impraticáveis.

E quando o tempo, enfim, rouba a vida, já não há mais nada a ser feito.

São portões que se fecham para sempre.

Pontos distantes que nunca mais irão se encontrar.

E o tempo, então, restará sozinho.

E pensaremos no tempo perdido.

E em todo o tempo que ainda teremos, para pensar no que não fizemos.

Pensaremos, e apenas pensaremos, pelo resto de nossas vidas.

Pois apenas isso é o que o tempo nos concederá.

Será findado o tempo de agir.

E quando o tempo se extinguir, gastaremos a força que ainda nos resta com perguntas acerca das razões.

O porquê de tanto tempo perdido.

O porquê de tanto medo cultivado.

O porquê de não ter tentado, enquanto ainda havia tempo.

E por fim, pagaremos o preço justo.

Com toda a dor possível e necessária, seremos obrigados a entender.

Por maiores e mais fortes que sejam, nossa culpa ou vontade jamais farão o tempo voltar.



O tempo cura,
Desde que você aceite ser curado.

O tempo apaga,
Bastando, para isso, esconder-se de si mesmo.

O tempo cria,
Pedindo apenas que uma porta seja deixada aberta.

O tempo mata,
Transformando o especial em apenas mais um.

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