sábado, 10 de novembro de 2012

Refúgio

Dormir já não é seguro.

A realidade, sem respeito algum,
Invade meus sonhos,
Roubando o torpor tranquilo,
Desfazendo a dormência reconfortante.
Tirando tudo o que resta
De quem já não tem mais nada.

Vejo o que não quero,
Sinto o que não posso,
E não tenho controle algum sobre isso.

Doces pesadelos,
Repletos de beijos, carinhos e finais felizes.



No meu sonho há você,
Dizendo que foi tudo uma brincadeira,
Uma brincadeira quase de mal gosto.
Você queria que eu percebesse
O quão triste é estar sozinho,
Sem nada poder fazer.

Você queria que eu percebesse,
Que eu sentisse o que você sentiu,
Para, enfim, depois de uma punição quase infantil,
Receber um abraço seu
E ouvir em um tom terno, mas zombeteiro
Que eu, finalmente, aprendi minha lição.



Mas o despertar, tal como o adormecer,
Transformou-se em desespero,
Pois não há refúgio em nenhum dos lados.

Dia e noite são, agora, extremos de uma viagem interminável,
Cujos destinos, tal como as paisagens que passam pela janela,
Acabam sendo, exatamente, sempre os mesmos.

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