Dormir já não é seguro.
A realidade, sem respeito algum,
Invade meus sonhos,
Roubando o torpor tranquilo,
Desfazendo a dormência reconfortante.
Tirando tudo o que resta
De quem já não tem mais nada.
Vejo o que não quero,
Sinto o que não posso,
E não tenho controle algum sobre isso.
Doces pesadelos,
Repletos de beijos, carinhos e finais felizes.
No meu sonho há você,
Dizendo que foi tudo uma brincadeira,
Uma brincadeira quase de mal gosto.
Você queria que eu percebesse
O quão triste é estar sozinho,
Sem nada poder fazer.
Você queria que eu percebesse,
Que eu sentisse o que você sentiu,
Para, enfim, depois de uma punição quase infantil,
Receber um abraço seu
E ouvir em um tom terno, mas zombeteiro
Que eu, finalmente, aprendi minha lição.
Mas o despertar, tal como o adormecer,
Transformou-se em desespero,
Pois não há refúgio em nenhum dos lados.
Dia e noite são, agora, extremos de uma viagem interminável,
Cujos destinos, tal como as paisagens que passam pela janela,
Acabam sendo, exatamente, sempre os mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário