sábado, 3 de novembro de 2012

Impassível

Desculpe-me, amigo,

Por eu não rir de suas piadas.
Por eu já não achar tanta graça,
Como eu costumava,
Nas suas brincadeiras.

Desculpe-me.

Desculpe-me pela cara fechada,
Pelas poucas palavras.
Por esta seriedade que,
De tão impassível,
Parece forçada.

Ela é, na verdade.

Desculpe-me, então, por fingir,
Mas preciso guardar os sorrisos.
Os tempos, como você sabe, são difíceis.
O tempo, como você sabe, já não me sobra.

Desculpe-me,
Mas preciso ficar sério.
Quando puder, prometo, voltarei a sorrir,
Mas, por enquanto, fico assim,
Carrancudo, quase amargo.

Deixo coisas
E pessoas
Pelo caminho, pois muitas delas apenas me pesam,
E de peso, já basta o que me acompanha.

A vida, por vezes, cobra preços absurdos,
Duros e controversos.
Dívidas que, infelizmente, não se pagam com sorrisos.
Por isso, amigo, eu te peço desculpas,
Mas preciso fechar o rosto,
O corpo, o peito,
E abrir os olhos.

Desculpe-me, amigo.
Eu já sorri demais.

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