quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Anacrônico


Nasci velho.

Nasci para ser velho.



Quando criança,
Ao ouvir o que o vento dizia,
Tive certeza disso.

A pressa da juventude,
Como os velhos tão bem sabem,
Ensurdece os desatentos
Para as coisas tênues da vida.



Os anos,
Ainda que não vividos,
Sempre estiveram aqui,
Presentes no corpo
E vivos na mente.

Pensamentos complexos.

Reflexões a frente do próprio tempo.



Sei que minha alma
Pertence ao entardecer da vida,
Mas isso, de maneira alguma,
Me entristece ou apavora,
Pois quem, de antemão,
Conhece o fim da jornada
Não passa pela vida com medo,
Fugindo da maior das incertezas.



Ainda que peque na aparência,
Nada supera a beleza
Que a experiência traz no rosto.

Ainda que peque pelo atraso,
Nada supera a importância
Do momento em que, enfim,
O tempo encontra seu lugar
Na paz de um coração aflito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário