sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Velho Amigo


Ele abraça segurando punhais
E sorri ocultando intenções.

Em suas palavras de apoio,
Assim como na mão estendida,
A falsa humildade domina,
Nutrindo a própria ambição
E cobiçando a ruína alheia.

Em roda de amigos, arreganha dentes e elogios,
Mas nos breves momentos de silêncio,
Percebidos apenas pelos mais atentos,
Ou ressabiados, talvez,
Afoga-se com o próprio amargo
Que brota e lhe amarga a língua.



Velho amigo, velho amigo...
Por que é assim comigo?
Se o que já tem, reconheço,
É muito mais do que tenho,
E se o pouco que tenho, como bem sabe,
Pouco lhe interessa?

Não entendo, meu amigo,
Como pode querer o que não precisa,
Apenas para saciar a vontade doentia
E calar, de seus próprios pensamentos, a intriga
De que o sucesso do próximo o ameaça.

Não entendo, meu amigo,
Como alguém que já tem tudo,
Perde o tempo que não tem,
Almejando chegar onde já esteve.



Velho amigo, velho amigo...
Escute o que eu digo...

Já ouvi, e não foram poucas as vezes,
Sobre aqueles que, por medo do furto improvável,
Dormiam com uma faca sob o travesseiro
E acabaram esfaqueando a si mesmos, durante o sono,
Defendendo-se do medo de que seus sonhos,
Inexpugnáveis, diga-se de passagem,
Fossem roubados.

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