quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tempos


São tantos relógios nas paredes,
Tantos tempos diferentes,
Que não sei a qual obedecer.

Enquanto olho a noite pela janela,
Esperando que alguma estrela se mova,
Escuto os cantos de todos os ponteiros.

As horas e os minutos são silenciosos,
Mas os segundos, esses não.
Esses fazem questão de serem ouvidos.

Entre seus passos, tão ordenados,
Um leve descompasso é o suficiente
Para dar vida à cacofonia do silêncio.



Enfim, compreendo.

Não há tempo certo
Que ordene, por igual, os acontecimentos
Na vida de cada um.

Não há regras sobre quando acontecer.

E agora, sabendo disso, desconfio
Que é este o lugar onde a tristeza passa suas noites,
Devorando sonos tranquilos,
Planos ambiciosos, mas ingênuos,
E futuros promissores.



O escuro da sala me abraça,
Fazendo as vezes de quem foi embora.

Não há a força, o carinho, a palavra amiga.
Não há a confiança que, um dia, você depositou em alguém.
Há apenas você e o tempo,
Amparados pela passagem do que houve
E do que ainda está por vir.

Há apenas você, esperançoso e consciente
De que o tempo, na verdade, apenas guardou seus momentos
Para entregá-los quando, finalmente,
Você estivesse pronto para recebê-los,
Sem o risco de tudo ser jogado fora
Mais uma vez.

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