- E aí, rapaz! Há quanto
tempo! Como é que tá? Caramba, tu tá ficando careca, hein? Hahahahahaha!
E assim se seguia. Sempre que
eles se encontravam, o amigo vinha com a mesma observação. Sim, ele estava
ficando careca, e apesar de ainda não ser um idoso (aliás, estava longe disso),
os anos avançavam inescrupulosamente sobre ele. Um pouco da maldita genética e
muito, muito estresse. É claro que, para aquele que profere a ofensa, o que
importa é encontrar um defeito alheio para sentir-se melhor com os próprios
defeitos. Pouco importa os maus bocados pelos quais o outro passou.
- Hahahaha... Pois é... A
idade chega pra todos, né?
- Depende, depende! Eu, por
enquanto, estou tranquilo! - E o amigo passava a mão nos cabelos que, ao contrário
dos seus, não caíram.
Ironicamente, o amigo era
gordo. Gordo como um porco, na verdade! A barriga rotunda enojava ao menor
olhar! E a cada vez que ambos se encontravam, ele parecia estar mais gordo!
Ele, entretanto, preferia não comentar sobre isso. Nunca foi de reparar nos
defeitos alheios. Aliás, reparar, ele até reparava, mas preferia não comentar.
De qualquer maneira, ele estava gordo. E a cada novo encontro ele estava mais
gordo.
Gordo como um porco.
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